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Emicida inaugura a turnê de AmarElo e UAU

Ronald Rios

02/12/2019 10h55

Sessões no Theatro Municipal lotadas em menos de 20 minutos.

Energia altíssima. A estreia da tour de AmarElo foi uma das coisas mais emocionantes que eu já presenciei ao vivo.

Eu odeio usar essa palavra, mas tinha uma ENERGIA na casa. Eu não sei explicar. É alguma coisa entre a poesia dele e o jeito que as pessoas recebem isso no peito com uma força descomunal. É grandioso. Nenhum artista consegue fazer o que ele consegue, num nível intelectual e emocional tão grande.

Emicida é o nome mais importante da música brasileira. Não é o artista mais tocado nas rádios, não tem nem o canal de YouTube de rap mais bombado do país.

Ele tem algo mais valioso, que não dá pra explicar com números: consistência. Longevidade.

Ao longo de mais de 11 anos de carreira, ele foi crescendo o público aos poucos sem nunca comprometer a integridade da sua música ou entrar em polêmica vazia. Quando ele fala, todo mundo ouve com reverência. Ele é uma alma velha. Com sonhos de garoto. AmarElo é um novo golaço dele e o show novo é incrível.

Ele tocou algumas músicas antigas, lá do Doozicabraba, do primeiro e segundo disco ainda e é incrível como elas tem força e conseguem emocionar como se fossem produtos frescos. Não parece que ele tá cumprindo tabela em tocar uns hits antigos. As músicas parecem mais maduras, elas conversam com as músicas do disco novo.

Consistência, né?

Quando ele pediu uma salva de palmas para o pessoal do Movimento Negro Unificado – pessoas corajosas que lutaram na escadaria do mesmo Municipal 50 anos atrás – que estavam presentes na casa, os olhos desse robô que sou eu deram uma marejada forte. Só Leandro.

Majur e Pablo Vittar vieram ao palco para cantar a faixa título com sample de Belchior. Que coisa incrível foi. Catarse mesmo. Eu sei que vai ser complicado juntar o trio mais vezes pois agendas são complicadas, mas eles devem se esforçar ao máximo para que isso aconteça. Confesso que nunca dei muita atenção a música de Pablo Vittar – a única coisa que conhecia era aquele single com a Anitta sobre rebolar na sua cara ou algo assim, então nunca levei muito a sério. Mas o Emicida uma vez conseguiu me convencer a assistir "Os Aventureiros do Bairro Perdido" com Kurt Russel – então vender um produto como Pablo Vittar não é muito difícil para ele. Eu comprei. E sou um cliente satisfeito.

Que banda maravilhosa ele tem. Que banda FODA. Vozes, metais, guitar. Destaque para a melhor baterista do Brasil, Sivuquinha. A batera que toca em pé. Coisas que a gente vê no show do Emicida.

Acima de tudo, é um show sobre orgulho. Orgulho de crescer, orgulho negro e orgulho de lutar. Orgulho de manter a cabeça em pé. Eu só posso recomendar que você, em qualquer lugar do Brasil vá assistir esse show. Logo mais vai estar na sua cidade. Leve os amigos, a amada, o amado e seja feliz. Deixa a emoção rolar.

Emicida, você é um danado.

Sobre o autor

Ronald Rios é roteirista, comediante e documentarista. Apresentou o "Badalhoca MTV" de 2008 a 2011 na MTV Brasil. Na Band fazia o quadro "Documento da Semana" dentro do programa CQC, num formato de pequenos docs sobre pautas atuais na sociedade brasileira. Escreveu para o Yahoo, UOL, VICE, Estadão, Playboy, Red Bull e Billboard. Em 2016 fez a série de documentários "Histórias do Rap Nacional" para a TV Gazeta. Ronald também apresentou de 2010 a 2012 o programa "Oráculo" na Jovem Pan FM e foi roteirista do Multishow de 2009 a 2011, pela produtos 2 MLQS, onde rodou o programa de TV Brazilians, eleito um dos 5 melhores pilotos de TV nacionais de 2011 pelo Festival de Pitching de TV da operadora Oi. Em 2017 e 2018 rodou pequenos docs, podcasts e campanhas multimídia para o artista Emicida na gravadora Laboratório Fantasma.

Sobre o blog

Rap Cru é o blog do roteirista e documentarista Ronald Rios sobre Hip Hop. Brasileiro, americano, britânico, latino… o que tiver beats e rimas, DJs, grafiteiros e b-boys e b-girls, tem nossa presença lá.

Rap Cru