A importância de Diddy para Notorious B.I.G
Diddy, o chefão da Bad Boy Records é ao mesmo tempo uma das figuras mais importantes da história do rap e uma das mais folclóricas. A infâmia por trás da linha "Não se preocupe se eu escrevo rimas / Eu escrevo cheques" no hit "Bad Boy For Life" é um tapa na cara dos puristas do gênero. O fato dele encaixar a voz em quase todas as músicas do Biggie – especialmente no segundo álbum, quando ele já estava a vontade pra rimar como feature – sempre foi motivo de piada. Quanto às aparições nos videoclipes do Big então, wow, incautos poderiam imaginar até que "Notorious BIG" é uma dupla.
O escárnio por conta disso seria eterno a partir do dia que Suge Knight disse no Source Awards 95 – premiação da importante revista de rap – que "se você não quer um produtor executivo que fique aparecendo em todos os vídeos, você deveria assinar com a Death Row", gravadora inimiga da Bad Boy. Foi um tiro certo na moral do Diddy.
É claro que é triste que a gravadora que foi a casa de The Lox, Craig Mack, Lil Kim, Mase e lógico, Biggie; hoje tenha como um dos artistas mais importantes o insosso Machine Gun Kelly. É claro que em alguns videoclipes eu mesmo fico com uma vergonha alheia de tanto que Puff aparece nos clipes dos seus artistas. É quase como um Michael Scott se ele fosse dono duma gravadora de rap. Você sabe que ele faria isso.
Mas uma coisa deve ser dita: a importância de Diddy para que Big fosse um dos maiores nomes da música mundial. Para que ele se transformasse num dos artistas mais populares de todos os tempos.
Diddy tinha o toque de midas.
"Ready To Die" é um disco de rap bastante hardcore. Violento, gráfico. O disco termina com Notorious se suicidando. Mas você não saberia disso se só conhecesse Big pelos singles e videoclipes – que no fim do dia, eram os fatores que vendiam os discos.
Diddy não é o produtor de meter a mão na MPC, lógico. Mas ele sabia o que queria. Ele sabia o que estimular nos seus artistas. Ele mostrou a batida de Juicy para Big, que achou muito festiva para rimar em cima. Biggie não queria. Diddy insistiu.
Se eu estou no estúdio essa hora, é lógico que eu iria ficar do lado do Big. "Essa base é muito boba. Seu som é hardcore. Puff não sabe o que tá falando."
Big contrariado foi lá e escreveu uma canção sobre ir da lama pra fama. Uma vez que estava pronto, ele sabia. "Essa é a música que vai me transformar numa super estrela".
Então ele ouviu Diddy de novo, que queria que ele rimasse em cima do beat que viraria "Big Poppa", um R&B mais lentinho, mais momento monange.
As duas músicas viraram um sucesso estúpido. Elas empurraram o disco para vender muito. Eles repetiram a fórmula no segundo disco de Biggie – agora muito mais confortável com a ideia de fazer umas concessões em umas tracks.
Na verdade a indústria toda ia se inspirar naquilo. Jay-Z, Nas, 50 Cent, todo mundo que vendeu horrores nesse rap game bebeu um bocado dessa fonte. Misturar faixas hardcore com faixas mais dançantes ou sexy. Esse foi o toque do Diddy. Esse é o crédito que deve ser dado a ele: ele catapultou uma besta lírica ao sucesso de pop star – e um monte de gente seguiu a fórmula do sucesso.
Então deixa o cara aparecer nuns clipes. Está tudo bem. Ele merece. Big é um ícone hoje graças a seu talento pra rimar lógico, mas a embalagem que Diddy criou, os clipes, as roupas de mafioso old school… isso fez Notorious ser… notório.
Fora que quando Biggie partiu, Diddy nos deu esse hit: I'll be Missing You. É impossível ouvir essa música, pensar nessa amizade e não dar uma choradinha.
Te amamos, Diddy.
Agora larga mão desse MGK, pelamordedeus.
Peace out!
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.