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18 anos de Blueprint: o CD que nos deu Kanye West e um novo Jay-Z

Ronald Rios

19/09/2019 13h36

Em 1996, Jay-Z vinha direto das ruas para seu disco de estreia, "Reasonable Doubt", um clássico de pouco sucesso comercial para época.

Então ele apertou forte no botão de rap comercial e seguiu para uma das mais bem sucedidas carreiras no rap. Equilibrando suas habilidades líricas com produções prontas pra bombar nas festas, Jay-Z virou um fenômeno. Isso não é uma crítica, uma vez que o próprio já confessou várias vezes que o objetivo da persona que ele incorporou era essa: fazer dinheiro. Jay-Z não tinha outra opção. Ele tinha entrado no rap de forma relutante porque o jogo do crack nas ruas trazia mais dinheiro. Então ele tinha que fazer rap por dinheiro já que tinha investido tempo e grana nisso. E como ele fez dinheiro de volta.

Outra citação do Jay-Z que gosto é sobre o tempo que demorou para que ele visse seu talento para arte como algo mais sagrado que um meio de sobrevivência somente. E dá para ver esse momento com o Blueprint, seu disco lançado no trágico 11 de setembro.

Era um novo Jay-Z. Energizado por um desconhecido produtor da época chamado Kanye West, junto de Just Blaze e outros produtores que para sempre viraram referência para MCs. A sonoridade daquele álbum amparado por batidas espaçadas com pitadas de soul; somada à vontade de assumir a coroa de Rei de NY, sem dono desde o falecimento de Notorious BIG – mas com Nas e Prodigy prontos para morderem o osso – e a vontade de provar que a Rocafella do leste tinha tanto para oferecer quanto a Aftermarth do oeste – que dominava as paradas com os lançamentos de Dr Dre e Eminem; isso tudo foi a gasolina necessária para Jay-Z vir com esse disco infalível, original. Fruto de vingança, juventude rebelde e uma sonoridade que viraria o norte do Hip Hop pelos próximos anos, estava nas prateleiras Blueprint 1, com duas continuações que nunca fizeram jus ao nome.

O resto é história.

Embora não tenha no Spotify, como nenhum disco de Jay, você pode encontrar ele no Apple Music ou Tidal. Ou numa loja de CDs – eu juro que elas existem ainda.

De dica, deixo essa performance épica de Jay-Z e Eminem – único rapper convidado por Jay para o disco – no programa do Letterman, num fucking terraço, tocando "Renagade", uma das melhores performances de ambos indivíduos.

 

PS- Eu detesto os debates de quem foi melhor na track. Cada um fez o seu melhor e o verdadeiro vencedor é o Hip Hop.

Sobre o autor

Ronald Rios é roteirista, comediante e documentarista. Apresentou o "Badalhoca MTV" de 2008 a 2011 na MTV Brasil. Na Band fazia o quadro "Documento da Semana" dentro do programa CQC, num formato de pequenos docs sobre pautas atuais na sociedade brasileira. Escreveu para o Yahoo, UOL, VICE, Estadão, Playboy, Red Bull e Billboard. Em 2016 fez a série de documentários "Histórias do Rap Nacional" para a TV Gazeta. Ronald também apresentou de 2010 a 2012 o programa "Oráculo" na Jovem Pan FM e foi roteirista do Multishow de 2009 a 2011, pela produtos 2 MLQS, onde rodou o programa de TV Brazilians, eleito um dos 5 melhores pilotos de TV nacionais de 2011 pelo Festival de Pitching de TV da operadora Oi. Em 2017 e 2018 rodou pequenos docs, podcasts e campanhas multimídia para o artista Emicida na gravadora Laboratório Fantasma.

Sobre o blog

Rap Cru é o blog do roteirista e documentarista Ronald Rios sobre Hip Hop. Brasileiro, americano, britânico, latino… o que tiver beats e rimas, DJs, grafiteiros e b-boys e b-girls, tem nossa presença lá.

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