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Tyler The Creator alcança o nº 1 das paradas pela primeira vez com "IGOR"

Ronald Rios

28/05/2019 12h22

Demorou mas chegou. Tyler chegou à Terra Prometida do sucesso comercial: não foi na trinca psicopata "Bastard"/"Goblin"/"Wolf". No esquisito "Cherry Bomb" também não rolou. Quando diminuiu a quantidade de "rap por minuto", ele bateu na trave com "Flower Boy", que chegou à segunda posição da parada de discos mais vendidos da Billboard. Mas em "IGOR", a recém lançada extravaganza com menos rap ainda – e de alguma forma a continuação espiritual do "Flower Boy", com ênfase no lado arranjador dele -, é a hora do Tylinho correr pra galera e sair balançando o bebê pique Bebeto, porque esse é seu primeiro disco número 1. Sim, nenhum artista foi mais ouvido nos Estados Unidos durante a última semana que Tyler The Creator. O segundo mais ouvido foi DJ Khaled – aquele cara que grita o nome dele em cada faixa porque se não for por isso, como você vai saber que a música é dele?

Eu adorei "IGOR". É um barato. Tudo soa grandioso sem pretensão nenhuma, com uma dose de 99% fofo e 1% sombrio. Ou o contrário, dependendo da faixa. Não é meu disco favorito do Tyler porque a trinca inicial tem um lugar especial no meu coração – e eles são discos mais objetivamente de rap, o que os ajuda a terem minha preferência.  E me faz repetir a questão de sempre: quando você dilui tanto o rap a ponto dele ser um ponto absolutamente secundário, é aí que chega a aclamação popular? E se ela chega só aí, dá pra gente falar que é um disco de rap que tá no topo das paradas? Porque há CDs da Jenifer Lopez com mais versos de rap (em featurings) por faixa do que "IGOR" têm, por exemplo. E isso não é reclamando. É apenas uma pena a mente fechada da massa pro rap, pois os versos em "Goblin" sempre vão me fazer desejar que aquele Tyler molecão maluco tivesse reconhecimento. Mas eu gosto desse Tyler versão Quincy Jones se dando bem também. Vitória é vitória. E com sorte, alguns fãs novos vão descobrir aquele Tyler antigo. Não confio tanto na curiosidade das pessoas mas se um garoto ou uma mina descobrir "IGOR" hoje e entrar no buraco do coelho que é o mundo do Tyler, Odd Future, etc… para mim tudo valeu a pena.

E lógico, como eu adoro uma história de rejeição superada, vale a pena mencionar que o Tyler fez "Earfquake", um dos pontos altos da BOLACHA – que expressão cretina – para o Justin Bieber, que rejeitou. "Nah." Tyler falou "Quer saber? Essa música é foda, então eu vou levar pra Rihanna!"

Que também passou.

Aí ele resolveu gravar ele mesmo e está no seu disco número 1. Seu primeiro de vários, se os americanos não moscarem com essa "descoberta" chamada Tyler The Creator.

Sobre o autor

Ronald Rios é roteirista, comediante e documentarista. Apresentou o "Badalhoca MTV" de 2008 a 2011 na MTV Brasil. Na Band fazia o quadro "Documento da Semana" dentro do programa CQC, num formato de pequenos docs sobre pautas atuais na sociedade brasileira. Escreveu para o Yahoo, UOL, VICE, Estadão, Playboy, Red Bull e Billboard. Em 2016 fez a série de documentários "Histórias do Rap Nacional" para a TV Gazeta. Ronald também apresentou de 2010 a 2012 o programa "Oráculo" na Jovem Pan FM e foi roteirista do Multishow de 2009 a 2011, pela produtos 2 MLQS, onde rodou o programa de TV Brazilians, eleito um dos 5 melhores pilotos de TV nacionais de 2011 pelo Festival de Pitching de TV da operadora Oi. Em 2017 e 2018 rodou pequenos docs, podcasts e campanhas multimídia para o artista Emicida na gravadora Laboratório Fantasma.

Sobre o blog

Rap Cru é o blog do roteirista e documentarista Ronald Rios sobre Hip Hop. Brasileiro, americano, britânico, latino… o que tiver beats e rimas, DJs, grafiteiros e b-boys e b-girls, tem nossa presença lá.

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