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Obrigado por voltar, Gustavo!!!

Ronald Rios

20/04/2019 07h36

 

Rapaz, o que é esse disco do Black Alien? É isso, cara. Esse é o disco que a gente queria. Eu considero o Babylon 2 o meio do caminho: era o Black Alien ainda desenferrujando sobre uns beats não muito inspirados do Basa. Não que o disco tenha sido um vacilo, longe disso. Tem algumas ali que vou guardar para sempre tipo "Rolo Compressor" e "Skate no Pé". Mas no geral não foi a volta triunfante que a gente sonhava e acho que no fim das contas o sentimento coletivo era mais de alegria pela volta do mestre do que pelo trabalho ser um sucessor à altura do Babylon vol 1.

Na verdade eu ainda queria ouvir esses raps numa outra produção, acho que seria um êxito maior. Mas o ontem já era porque "Abaixo de Zero: Hello Hell" é um esculacho, meu chapa. 9 faixas produzidas pelo moleque bom Papatinho (criticado nessa coluna semana passada por aquela insossa canção com a Anitta) que servem como a pista de skate mais foda pro Gustavo de Niquiti vir brabo deslizando nas rimas. Que trabalho maravilhoso.

Black fala das paradas cabulosas que viveu, fala de amor e faz o "dropping knowledge" fundamental que se espera de um bruxo dessa magnitude. Discão. Não tem linha perdida, não tem beat fraco, não tem flow errado. É clássico? Só o tempo dirá. Na segunda audição ele disse que "sim". Que dupla feliz esses caras, um mano que já tá há uma cota representando no mike encontrando um dos produtores jovens mais swingados do rap nacional. Cai dentro.

🎤🎤🎤🎤🎤

Que ano tem sido pro Hip Hop BR!

Nego Gallo, Sidoka, Djonga, Black Alien… e ainda vem Ogi, Drik, Emicida e Nill por aí. Fique bem ligeiro que isso né nem metade…

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Quem lançou single novo foi o BRABÍSSIMO Diomedes, com produção do maestro Léo Grijó. Aquele trapzera safada. Chama "Maluca". Cai dentro.

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Outro disco novo que tô ouvindo é "Ventura", do Anderson Paak. Ele falou que teve mais liberdade do Dr Dre na hora da produção do que no anterior "Oxnard". Não coincidentemente, o disco está melhor. Por mais incrível que Dr Dre seja na produção, de vez em quando você tem que deixar o artista caminhar sozinho. J. Cole só virou o J. Cole quando seu chefe Jay-Z desistiu de tentar transformá-lo no novo Jay-Z. A mudança que tem do primeiro disco do Cole na Roc Nation(Cole World) pro segundo ("Born Sinner") é gigante. Pro terceiro então, quando Cole decolou sozinho, aí sim ele se descobriu.

A mesma coisa acontece aqui com Paak. Ele parece bem mais à vontade pra trabalhar suas pontes e melodias do que no disco anterior, onde ele bateu cabeça com o Dr Dre aqui e ali. Nem sempre os mais velhos sabem o que é melhor. Tem que deixar os meninos brincar. 4 momentos dignos de atenção?

1- Dios Mio! André 3000 nessa "Come Home" já valeu o baile.
2- Que delícia é essa "Make it Better" também.
3 – "Yada Yada" e "King James", que dobradinha viajante.
4- E tem minha alegria maior que trouxeram Nate Dogg do outro lado para a vida novamente com "What Can We Do?" Êêêê coisa boa! Sempre aceito visitas fonográficas de quem se foi cedo demais e era fera demais.

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Vamos indicar um clássico dazantiga? Vamos viajar ali pra 99, para essa coletânea braba da Def Jam, "The Tunnel", feita pelos moooonstros das turntables DJ Funkmaster Flex e DJ Big Kap. Com produção de Rockwilder, clássico colaborador de Redman e Busta Rhymes, a faixa tem rimas dum recém jogado à fama Eminem e refrão do seu tutor legal Dr Dre. Um clássico de flow e punchlines nervosas, com Eminem respondendo seus críticos dobrando o risco da aposta. Ouve aí.

Sobre o autor

Ronald Rios é roteirista, comediante e documentarista. Apresentou o "Badalhoca MTV" de 2008 a 2011 na MTV Brasil. Na Band fazia o quadro "Documento da Semana" dentro do programa CQC, num formato de pequenos docs sobre pautas atuais na sociedade brasileira. Escreveu para o Yahoo, UOL, VICE, Estadão, Playboy, Red Bull e Billboard. Em 2016 fez a série de documentários "Histórias do Rap Nacional" para a TV Gazeta. Ronald também apresentou de 2010 a 2012 o programa "Oráculo" na Jovem Pan FM e foi roteirista do Multishow de 2009 a 2011, pela produtos 2 MLQS, onde rodou o programa de TV Brazilians, eleito um dos 5 melhores pilotos de TV nacionais de 2011 pelo Festival de Pitching de TV da operadora Oi. Em 2017 e 2018 rodou pequenos docs, podcasts e campanhas multimídia para o artista Emicida na gravadora Laboratório Fantasma.

Sobre o blog

Rap Cru é o blog do roteirista e documentarista Ronald Rios sobre Hip Hop. Brasileiro, americano, britânico, latino… o que tiver beats e rimas, DJs, grafiteiros e b-boys e b-girls, tem nossa presença lá.

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